Mato Grosso ainda tem altas taxas de desmatamento ilegal, segundo estudo do ICV

O Instituto Centro Vida (ICV) realizou uma análise, com base nos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontando que o estado do Mato Grosso foi responsável por 20% de todo o desmatamento detectado na Amazônia em 2017, sendo que 90% desse desmatamento foi ilegal.

“As taxas de desmatamento no estado continuam elevadas, mantendo desde 2012, em um patamar de mais de 1.000 km² de florestas derrubadas por ano”, revela Ana Paula Valdiones, Analista de Gestão Ambiental do ICV.

Ainda segundo o estudo, nos últimos 12 meses, 1.193 km² de floresta foram eliminadas sem autorização da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso – 89% do total. O resultado é levemente melhor que em 2016, quando a ilegalidade foi de 95%.

Em 2015, na COP 21, em Paris, o governo do Mato Grosso se comprometeu com metas para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, entre elas: eliminar o desmatamento ilegal até 2020 e a manter o desmatamento abaixo de 571 km² até 2030. “As taxas atuais de desmatamento demonstram que as metas ainda estão longe de ser cumpridas, e que será necessário implantar medidas que tenham um impacto significativo no combate ao desmatamento”, afirma Ana Paula Valdiones.

A Analista de Gestão Ambiental do ICV reforça que além do comprometimento com essas metas, o estado precisa focar em iniciativas de combate ao desmatamento ilegal como a intensificação das ações de monitoramento e fiscalização e a implementação do Código Florestal, com a responsabilização pelos passivos e estabelecer incentivos para a manutenção dos ativos ambientais.

“Além disso, as ações em prol da transparência, condição basal para o controle social, podem ter um impacto direto no combate a ilegalidade”, ressalta a especialista.

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Soluções a caminho

Recentemente, o governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e a Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH) assinaram um acordo para acelerar a validação da CAR – um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais – em hotspots de desmatamento.

O acordo visa reforçar a promoção e desenvolvimento do sistema Mato-grossense do Cadastro Ambiental Rural – SIMCAR; a gestão estratégica do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e a implementação da Unidade Estratégica de Geoinformação e Transparência Ambiental.

Por meio da parceria, será possível aumentar e incentivar o comprometimento das dos produtores rurais e cadeias produtivas para atender o Código Florestal Brasileiro e trazer resultados positivos para o posicionamento estratégico do Mato Grosso no cenário nacional e internacional com base na redução de emissões, esforços de conservação ambiental, metas produtivas sustentáveis.

Para Daan Wensing, Diretor do Programa Global de Territórios da IDH, o acordo reforça a importância dos investimentos para o desenvolvimento da agricultura sustentável no país e o apoio às adequações necessárias para o setor produtivo se adaptar mais rapidamente aos sistemas de gestão de leis ambientais do Brasil e do Mato Grosso.